sábado, 3 de agosto de 2024

Tempo e distância

 



Queria esquecer-me de ti,

queria esquecer que queria

e lembro sempre do que queria.

Essa lembrança doce,

que torna presente o doloroso ausente.

Queria esquecer, não tocar nada que lembrasse,

não pensar em poesia

não sonhar com a justiça

não contemplar estrelas em noite escura

não caminhar pelos campos

não sentir as cores

não ouvir música

não louvar, não comer,

não esbarrar com a verdade 

nem roçar o desejo,

parar de respirar, se possível fosse...

O peixe esquece a água?

Essa água da Amizade viva

da qual vive...

lembrar faz sofrer

mas esquecer, deixar de ser...

quero lembrar-me sempre

até que o sempre se plenifique

para além dos limites.

Nenhum comentário:

Postar um comentário